UM POUQUINHO DE HISTÓRIA
Diário da Princesa Isabel em Caxambu
Ainda
jovem, contando as suas 18 primaveras de beleza e vida, entre festas e flores,
casava-se a Princesa Isabel, em 1864, com Luiz Felipe Gastão Orleans, o Conde
d'Eu. Dois anos depois triste e amarga realidade já se fazia sentir no coração
de S.A. Toda a alegria, toda a felicidade vivida dissipara-se e transformara-se
em um trágico e difícil problema, cuja resolução se resumia apenas na
possibilidade ou impossibidade da concepção de um herdeiro.
Decorriam-se os tempos e a tristeza aumentava, estampada num contraste vivo, no semblante belo de S.A. Imperial. Aos tratamentos mais indicados submetera-se, as novidades e panacéias ultra-modernas da época lhe aplicadas foram e o resultado positivo, nada ... Já na Côrte comentava-se a sua aflitiva situação e já, em seus pensamentos se debatia a triste realidade ... Nesse sofrimento vivia S.A. Imperial, quando em meados do ano de 1868, como um farol que iluminando o mar encapelado o barco errante salva brilhou em sua vida uma estrela nova.
Decorriam-se os tempos e a tristeza aumentava, estampada num contraste vivo, no semblante belo de S.A. Imperial. Aos tratamentos mais indicados submetera-se, as novidades e panacéias ultra-modernas da época lhe aplicadas foram e o resultado positivo, nada ... Já na Côrte comentava-se a sua aflitiva situação e já, em seus pensamentos se debatia a triste realidade ... Nesse sofrimento vivia S.A. Imperial, quando em meados do ano de 1868, como um farol que iluminando o mar encapelado o barco errante salva brilhou em sua vida uma estrela nova.
Notícias reconfortantes
procediam da Europa.
As
milagrosas curas de esterilidade pelas Águas Minerais, no Velho Mundo eram uma
realidade. Sem perda de tempo, nutrida de esperanças novas, S.A. resolveu
experimentar um tratamento in-loco, com as Águas Minerais de Caxambu, cuja
propagação naquela época, ocupava a ordem do dia e já eram consideradas no
Império como as melhores do mundo.
No dia
15 de novembro de 1868, a Princesa, acompanhada de seu esposo Conde d'Eu, do
médico Dr. N. Feijó, do Conde e Condessa de Lages, do Conde de Aljezur e de
outros amigos, deixava a Côrte do Rio de Janeiro, às 5h da manhã em trem
expresso da Estação D. Pedro II, desembarcando às 10:40hs na Estação da Boa
Vista (hoje Eng. Passos), onde almoçaram todos no Hotel Ferraz & Irmão.
Após o almoço, em liteiras especiais de luxo, cedidas pelo Sr. Tte. Cel. João
Evangelista de Souza Guerra de Baependy e outras pelo Sr. Benjamim Luiz Duprat
da Fazenda de Três Pinheiros, às 12hs deram início à viagem de subida à
Serra da Mantiqueira, fazendo a comitiva um pequeno lanche às 14hs no Hotel
Palmital, seguindo logo para o Hotel da Floresta de propriedade da Sr. Luiz
Jardim, três quartos de légua abaixo do registro do Picú, onde pernoitaram.
Às 5h
do dia seguinte, encetaram de novo a viagem, indo almoçar em São José do Picú
(hoje Itamonte) já do outro lado da serra, no Hotel de propriedade do Sr.
Pereira, e às 14hs, passavam pelo arraial do Capivary para pernoite
mais adiante em Pouso Alto. No terceiro dia, às 7hs retomaram a viagem, indo
almoçar no Hotel Boa Vistinha, e assim, após 15 léguas percorridas desde a
Estação da Boa Vista, precisamente às 16,30hs triunfal chegava a Caxambu a
caravana de S.A., dia 17 de novembro de 1868, data que ficaria, como de fato
ficou, na história de nossa Hidrópolis.
Nota: Consta que o Sr. Pereira era um imigrante espanhol que
trabalhou em Itatiaia e depois mudou-se para Itamonte.
A
primeira Dama do País, S. A. Imperial a Princesa Isabel filha do Monarca D.
Pedro II, Imperador do Brasil, chegava a Caxambu, para uso de nossas águas
minerais, não medindo o sacrifício da estafante e cansativa viagem daqueles
dias. Grande era a multidão que a aguardava ... tão grande, que se tornara
pequena para acomodar a todos a nossa Caxambu da época. Procedentes de todos os
recantos da Província, chegavam caravanas... Barracas se armavam em todos os
recantos... todos desejavam conhecer a Princesa! E assim, entre flores, salvas
de palmas, vivas e aclamações e ainda ao som da harmoniosa e alegre Banda de
Música de Baependy, é que recepcionada foi, a comitiva de S.A., que em Caxambu
se hospedou no Palacete de propriedade do Sr. Dr. Carlos Theodoro Bustamante,
em frente ao já demolido Parque Hotel, onde atualmente se localiza, o edifício
Pan-América.
Usou da
palavra no ato da recepção, Felício Germano de Oliveira Mafra, Presidente da
Câmara de Baependy, desejando à Família Imperial e muito particularmente a
Princesa, uma feliz e proveitosa estada em Caxambu formulando ao ensejo um
convite em nome do povo de Baependy para uma visita àquela cidade. Felício
Germano de Oliveira Mafra, transformou-se daquele momento em diante, numa
espécie de diretor do protocólo da Família Imperial, auxiliado pelo Visconde de
Caldas e pelo Conde de Baependy.
No dia 18, em suas orações, fazia a princesa Isabel aquela promessa que se tornaria histórica ... se conseguisse a concepção de um herdeiro, faria construir uma Igreja sob a invocação de Santa Isabel de Hungria. No dia 22, na parte da tarde, no alto da colina onde se localizava o cruzeiro ali plantado em 3 de maio de 1862, com a presença de grande número de pessoas, fez S. A. o lançamento da Pedra Fundamental da Igreja de Santa Isabel de Hungria. Diz o livro do Tombo da paróquia de Baependy, que este ato foi oficiado pelo Revmo. Pároco Mons. Dr Luiz Pereira Gonçalves de Araújo e tendo como ajudante o Rev. Pe. Capelão João Pires de Amorim, acolitados pelo então seminarista Marcos Pereira Gomes Nogueira.
No dia 18, em suas orações, fazia a princesa Isabel aquela promessa que se tornaria histórica ... se conseguisse a concepção de um herdeiro, faria construir uma Igreja sob a invocação de Santa Isabel de Hungria. No dia 22, na parte da tarde, no alto da colina onde se localizava o cruzeiro ali plantado em 3 de maio de 1862, com a presença de grande número de pessoas, fez S. A. o lançamento da Pedra Fundamental da Igreja de Santa Isabel de Hungria. Diz o livro do Tombo da paróquia de Baependy, que este ato foi oficiado pelo Revmo. Pároco Mons. Dr Luiz Pereira Gonçalves de Araújo e tendo como ajudante o Rev. Pe. Capelão João Pires de Amorim, acolitados pelo então seminarista Marcos Pereira Gomes Nogueira.
Vejamos a ata dessa solenidade:
"Aos
vinte e dois dias do mês de novembro do ano do Nascimento de Nosso Senhor Jesus
Cristo de mil oitocentos e sessenta e oito (1868) na Povoação das Águas de
Caxambu, Cidade de Baependy, Bispado de Mariana Provícia de Minas Gerais do
Império do Brasil, no reinado de Muito Alto e Poderoso Senhor Dom Pedro Segundo
e no Bispado do Excelentíssimo Senhor Conde da Conceição Dom Antônio Ferreira
Viçoso, na presença da Câmara Municipal da mesma cidade de Baependy, sua Alteza
Imperial, a Sereníssima Senhora Princesa D. Isabel Condessa d'Eu acompanhada de
seu Augusto Esposo, o Sereníssimo Senhor Príncipe Dom Luiz Filipe Gastão de
Orleans Conde d'Eu, e outros dignou-se lançar solenemente a pedra fundamental
para a edificação de uma Igreja com a invocação de Santa Isabel de Hungria,
solenidade esta a que se procedeu sendo a pedra benta segundo cerimônia marcada
pela Igreja, oficiando o Reverendo Senhor Monsenhor Luiz Pereira Gonçalves de
Araújo e conduzida processionalmente até o lugar competente onde foi colocada
por sua Alteza Imperial, no sítio em que deve ser levantado o alicerce da
referida Igreja.
E eu
Alexandre Manoel Vieira de Carvalho visconde de Lages Grande do Império veador
de sua Majestade a Imperatriz no serviço de Suas Altesas Imperiais, lavrei este
têrmo em duplicata o qual sendo assinado pelas pessoas de sua Altesa Imperial
indicou, será contido com as moedas e jornais da presente época na caixa
colocada da pedra fundamental ad perpétuam rei memoriam sendo o outro autógrafo
remetido para os arquivos da Câmara Municipal da Cidade de Baependy".
Ass.
Visconde de Lages Isabel Princesa Condessa d'Eu Gastão de Orleans. Mons. Luiz
Pereira Gonçalves de Araújo vigário da Vara, José Pedro Américo de Matos,
(comendador), o Capelão de SS. AA. Imperiais Padre João Pires de Amorim, Jonas
Inácio de Carvalho, Antonio José Gomes de Carvalho, Dr. Manoel Joaquim Pereira
de Magalhães, Major Teófilo José de Andrade, José Ruiz Pinheiro, Francisco e
Paula S... Antônio Máximo Ribeiro da Luz (Juiz de Direito), Antonio Carlos
Carneiro Viriato Catão (Juiz Municipal), Antonio Torquato Fortes Junqueira
(Promotor Público), Luiz Antonio de Oliveira (Comandante Superior), Carlos
Teodoro de Bustamante, Visconde de Lages, Cons. Luíz de C. Feio, Major Hilário
Mariano da Silva, servindo de mordomo de SS. AA.
Nota: O
documento acima encontra-se em perfeito estado de conservação, conf. décimo
quinto Anuário da Diocese da Campanha. Pág. 23 Publicado em 1953.
Em sua
firme esperança prosseguia a Princesa, religiosamente o seu tratamento com o
uso das águas minerais. No dia 24 de novembro, atendendo ao convite formulado
por Oliveira Mafra, transportou-se com toda sua comitiva para Baependy onde
grandioso programa havia sido elaborado. Missa Solene, Banquete, Visitas Te
Deum, O Beija Mãos e o Histórico e Pitoresco Baile do Paço da Câmara.
Hospedou-se a Princesa e sua comitiva no Palacete de propriedade do Comendador
José Pedro Américo de Mattos. Este prédio ainda existe, situando-se na esquina
da rua Senador Alfredo Catão com a rua Dr. Manoel Joaquim naquela cidade
vizinha, mais tarde foi transformado em hotel (Hotel do Comércio) e até pouco
tempo pertenceu ao Sr. Marcelino Ferreira e atualmente foi vendido para o Clube
de Baependi ( Botafogo ).
Regorgitava
aquela cidade ante ao auspicioso acontecimento. Todas as ruas garbosamente
enfeitadas e ao som festivo dos sinos das Igrejas, das Bandas de Músicas em
desfile pelas ruas, também chegava a Baependy, a fina flor da aristocracia da
Província Sul Mineira para conhecer a Princesa. Relata-nos um episódio um tanto
quanto pitoresco sobre o assunto o jornal "O Patriota" de 27 de julho
de 1935, de cujas páginas coligimos os dados que a seguir iremos reportar.
O
Comendador José Pedro Américo de Mattos, era figura de grande projeção política
e social, gozando de grande conceito e estima em toda região do Sul da Província.
Foi deputado à constituinte mais tarde e naqueles tempos, embora não fosse
formado, advogava na Comarca de Baependy, graças a sua grande inteligência e
sagacidade. Não obstante a empanar-lhe as suas qualidades, havia um fator
terrível na época _ a sua tez. A sua cor morena, bem morena, e porque não dizer
mulata, era uma característica mais ou menos indiferente aos de seu sexo, no
entanto, naqueles tempos, era motivo de funda abstenção por parte das senhoras.
Estas, todas as vezes que a ele se referiam, não dispensavam nunca a dolorosa
advertência - Inteligente sim, mas é um homem de cor!... Era esse homem de cor,
que estava hospedando em Baependy, em sua residência, a primeira dama do País,
S. A. Imperial a Princesa Isabel e toda a sua comitiva.
Às 20hs.
estava marcado o Baile do Paço da Câmara e o povo já de muito se aglomerava na
praça... na hora exata chegava o séquito de S. A. Quando a Princesa cercada de
suas damas de honra desceu de sua liteira, houve um movimento de verdadeiro
suspense. Palmas e vivas, ecoaram desde o Palacete da Comendador Mattos, até à
frente da Câmara. O salão estava elegantemente decorado com as armas do Império
e um grande quadro a óleo de S. M. o Imperador, pendia na parede azul do salão
nobre, onde se erguia o trono entre graves cortinas de Damasco. A orquestra
ensaiava já as primeiras notas, enquanto ansiosamente os pares aguardavam o
início do baile.
Ostentava a Princesa, um amplo vestido rodado de fulgurante seda ouro velho, que aliava a perfeição do corte à extrema e elegantíssima simplicidade; busto comprimido na telas de um mimiso corpete acoletado e seu rosto estava como que nimbado de estranha claridade. Eram seus cabelos acastanhados e se abriam numa risca central juntando-se em duas ondas por trás das orelhas, onde luziam dois purríssimos brilhantes emoldurando o rosto claro quase infantil e maviosa expressão. Toda a beleza de seus 22 anos ali resplandecia...
Ostentava a Princesa, um amplo vestido rodado de fulgurante seda ouro velho, que aliava a perfeição do corte à extrema e elegantíssima simplicidade; busto comprimido na telas de um mimiso corpete acoletado e seu rosto estava como que nimbado de estranha claridade. Eram seus cabelos acastanhados e se abriam numa risca central juntando-se em duas ondas por trás das orelhas, onde luziam dois purríssimos brilhantes emoldurando o rosto claro quase infantil e maviosa expressão. Toda a beleza de seus 22 anos ali resplandecia...
Abrindo
o Baile, conforme protocolo S. A., dançou com o Presidente da Câmara Felício de
Oliveira Mafra. O Comendador Mattos, apreciava o Baile numa das poltronas do
lado oposto ao trono, pois não ousava tirar nenhuma daquelas aristocráticas
senhoras ali presentes. Não obstante a perspicásia de S. A. que há muito o
observava não tardou muito a se fazer sentir. A um pedido de S. A. a orquestra
deu início à execução de uma linda valsa vienense... nesse mesmo instante,
houve entre todos os presentes, um movimento de espanto, quase de estupor. O
conde, tomando a Princesa pela mão, como se fosse com ela dançar, levara-a
ostensivamente para o meio do salão e bem em frente ao Comendador, lha deu como
par. Pertubou-se o Comendador Mattos, ante tamanha honra para ele. Quê?!...
Vinha o Sr. Conde, dar-lhe a Princesa para dançar? A ele o homem de cor, o
homem sempre repudiado pelas damas da sua terra? Não, não era possível! Mais
parecia um sonho!
D.
Isabel sorria, adivinhando no enlevo a felicidade traída inconscientemente nos
gestos do Comendador. Este por sua vez, refeito de tão agradável surpresa e já
de posse de sua costumeira elegância, saiu pelo salão, rodopiando a melodiosa
valsa com a Princesa. Dizem que jamais presenciaram em Baependy uma peça tão
bem dançada e por um par tão perfeito.
Foi tal
a estupefação que, durante todo o tempo em que dançavam, suspensos, maravilhados,
se deixavam todos ficar, ante tão belo espetáculo, imóveis em um grande círculo
contemplando o par. Logo ali fora correu pela multidão ávida de sensações, a
notícia alarmante, que era como um grito de vitória: -A Princesa está dançando
com o Comendador Mattos!
Findara
a valsa, sob o pretexto de uma ligeira indisposição retirou-se a Princesa do
Baile. Após a interrupção causada pela retirada de S. A. recomeçaram as danças,
valsas, mazurkas, schottiches e outras peças em moda na época. Coisa curiosa,
daquele momento em diante todas as atenções eram voltadas para a figura do
Comendador Mattos. As respeitáveis damas, as fidalgas senhoritas a ele dirigiam
insistentes olhares, que eram acintosos convites. Mas, o Comendador sereno,
voltara a sentar-se na mesma poltrona, e a olhar distraidamente através de um
espelho de frente o movimento da rua. Neste instante em que divagava, uma
elegantíssima e formosa dama, de todas a mais formosa e aristocrática, dele
acercou-se insinuando-lhe sentir imenso prazer em tê-lo como par, ao que
respondeu-lhe o Comendador em magnífica desculpa, que fez sucesso e esmagou de
uma vez para sempre, os preconceitos até então reinantes:
- Não,
minha senhora, muito obrigado, mas queira excusar-me. Porque, quem dançou com a
Princesa, com outra mulher não pode dançar!
Nos dias 25 e 26 muito descansou S. A., após as festividades de Baependy. No dia 27 com seus convivas, fez abrir uma subscrição de donativos para dar início à obra de construção da Igreja de Sta. Isabel. A referida subscrição produziu a importância de 4.000.000, quantia bastante razoável na época.
No mesmo dia, devidamente rubricado pelo Meritíssimo Juiz Municipal de Baependy, Viriato Catão, fez abrir o livro de Atas de Reuniões dos membros da irmandade de Sta. Isabel da Hungria. No dia 29 foi feita a primeira reunião conforme ata que a seguir transcrevemos:
Nos dias 25 e 26 muito descansou S. A., após as festividades de Baependy. No dia 27 com seus convivas, fez abrir uma subscrição de donativos para dar início à obra de construção da Igreja de Sta. Isabel. A referida subscrição produziu a importância de 4.000.000, quantia bastante razoável na época.
No mesmo dia, devidamente rubricado pelo Meritíssimo Juiz Municipal de Baependy, Viriato Catão, fez abrir o livro de Atas de Reuniões dos membros da irmandade de Sta. Isabel da Hungria. No dia 29 foi feita a primeira reunião conforme ata que a seguir transcrevemos:
ATA DA PRIMEIRA SESSÃO DOS
MEMBROS DA IRMANDADE DE Sta. ISABEL DA HUNGRIA SOB A PRESIDÊNCIA DE S. A. O
CONDE D'EU.
Aos
vinte e nove dias de novembro de mil oitocentos e sessenta e oito achando-se
presentes os membros da mesa, provedor Tte. Cel. João Evangelista de Souza
Guerra, vice-provedor Aferes José Pedro Américo de Matos, tesoureiro Dr. Carlos
Teodoro Bustamante, procurador Francisco Viotti, administrador José Luiz da
Silva Prado, secretário Antonio Torquato Fortes Junqueira, disse S. A. o senhor
Conde d'Eu que convocava aquela reunião a fim de tratar do compromisso da
Irmandade e tomar-se algumas providências a respeito do andamento das obras da
igreja e depois de algumas observações dos membros da mesa deliberou-se, que se
oficiasse ao Mons. Dr. Luiz Pereira Gonçalves de Araújo pedindo que se
incumbisse de formular o compromisso, ficando este sujeito à aprovação dos
membros da mesa.
Deliberou-se igualmente que ficasse esta mesma mesa nomeada por S. A. senhor Conde d'Eu até ser aprovado o compromisso pelos poderes competentes. Por indicação do Sr. Dr. Carlos decidiu-se que nenhuma festa se faria antes de estar o templo concluído ou pelo menos em estado que pudesse servir para celebrar-se Missa. Por indicação do senhor Guerra decidiu-se que as jóias que os membros da Irmandade e empregados concorressem fossem empregadas na construção do templo. Resolveu-se igualmente que o tesoureiro Sr. Dr. Carlos ficasse incumbido de mandar vir já uma máquina de fazer tijolos e que servisse igualmente para fazer telhas francesas, chatas, e que se contratasse um operário que soubesse trabalhar com a dita máquina: e ainda mesmo entendendo-se para esse fim com o Comendador Mariano Procópio Ferreira Lage para ceder um dos que trabalham em seu estabelecimento até que haja quem saiba trabalhar com a dita máquina.
S. A. o senhor Conde d'Eu ofereceu a considerações da mesa alguns desenhos de templos para servir de modelo ao que já escrevera para a Europa pedindo planos modernos de igreja resolvendo esperar os ditos planos, para depois deliberar-se qual deveria servir na obra projetada: Como porém esta espera não impediria o começar alguns trabalhos preparatórios, deliberou-se que o procurador e o administrador desde já se incumbissem de contratar pedras e puxá-las para o lugar onde se tem de edificar o templo. Resolveu-se igualmente que se oficiasse as pessoas que já tenham feito uso destas águas pedindo coadjuvação pecuniária para poder-se levar adiante a projetada obra.
Nada mais havendo a tratar S. A. levantou a sessão e eu Antônio Torquato Fortes Junqueira, secretário interino lavrei esta ata que vai assinada por S. A. o senhor Conde d'Eu e membros da mesa.
Deliberou-se igualmente que ficasse esta mesma mesa nomeada por S. A. senhor Conde d'Eu até ser aprovado o compromisso pelos poderes competentes. Por indicação do Sr. Dr. Carlos decidiu-se que nenhuma festa se faria antes de estar o templo concluído ou pelo menos em estado que pudesse servir para celebrar-se Missa. Por indicação do senhor Guerra decidiu-se que as jóias que os membros da Irmandade e empregados concorressem fossem empregadas na construção do templo. Resolveu-se igualmente que o tesoureiro Sr. Dr. Carlos ficasse incumbido de mandar vir já uma máquina de fazer tijolos e que servisse igualmente para fazer telhas francesas, chatas, e que se contratasse um operário que soubesse trabalhar com a dita máquina: e ainda mesmo entendendo-se para esse fim com o Comendador Mariano Procópio Ferreira Lage para ceder um dos que trabalham em seu estabelecimento até que haja quem saiba trabalhar com a dita máquina.
S. A. o senhor Conde d'Eu ofereceu a considerações da mesa alguns desenhos de templos para servir de modelo ao que já escrevera para a Europa pedindo planos modernos de igreja resolvendo esperar os ditos planos, para depois deliberar-se qual deveria servir na obra projetada: Como porém esta espera não impediria o começar alguns trabalhos preparatórios, deliberou-se que o procurador e o administrador desde já se incumbissem de contratar pedras e puxá-las para o lugar onde se tem de edificar o templo. Resolveu-se igualmente que se oficiasse as pessoas que já tenham feito uso destas águas pedindo coadjuvação pecuniária para poder-se levar adiante a projetada obra.
Nada mais havendo a tratar S. A. levantou a sessão e eu Antônio Torquato Fortes Junqueira, secretário interino lavrei esta ata que vai assinada por S. A. o senhor Conde d'Eu e membros da mesa.
Ass.-
Gastão de Orleans - João Evangelista de Souza Guerra - Carlos Teodoro
Bustamante- Francisco Viotti - José Pedro Américo de Matos - José Luiz da Silva
Prado.
Não
podemos afirmar o número de dias que S. A. permaneceu em Caxambu. Não obstante,
podemos afirmar que ela regressou à Corte cheia de vida, alegre, feliz e
nutrida de novas esperanças... Estava curada? O tempo logo haveria de responder
esta pergunta... Sim, a Princesa estava curada de fato, pois logo, três lindos
e robustos varões seus, garantiam a perpetuação dos Orleans e Bragança: D.
Pedro do Gran Pará, D. Antonio e D. Luiz. E a igreja Santa Isabel, erguida no
alto da mesma colina onde em 22 de novembro de 1868 foi plantada a Pedra
Fundamental, ali permanece firme num fiel testemunho daquilo tudo que aqui
reportamos.
IGREJA
SANTA ISABEL
Como
dissemos, após o lançamento da Pedra Fundamental da Igreja Sta. Isabel em
Caxambu, em 22 de novembro de 1868 vontade da Princesa Isabel, foi feita um
subscrição que produziu cerca de 4:000$000. Iniciados os trabalhos, não
obstante o interesse de seus promotores, não puderam completá-los. Com os
acontecimentos políticos que foram se agravando a obra sofreu um interrupção. A
Princesa contudo não olvidou o seu nobre empreendimento. Tanto assim que pediu
ao seu esposo Conde d'Eu que escrevesse uma carta cujo teor aqui transcrevemos:
Exmo.
Sr. Cons.º Joaquim Delphino, Tendo de retirar-me, bem apesar meu, deste país,
não quero deixar de mais uma vez recomendar à sua proteção, em nome da Princesa
e no meu, a conclusão das obras da Capela de Santa Isabel da Hungria, no
arraial de Cachambu, município de Baependy. Estas obras pias projetadas desde
seu comêço pela Princesa, teve certo impulso principalmente devido aos esforços
de V. E. e de seu ilustre filho o distinto engenheiro Dr. Christiano Ribeiro da
Luz. Seria para nós grande satisfação, saber que não fica ela abandonada, mas
que marcha para a sua conclusão.
Confiado pois no espírito religioso de V. E. e de seu digno filho e nos sentimentos da amizade que nos tem mostrado, ouso esperar que mais uma vez tomarão em mão este piedoso empreendimento. Aproveito com prazer esta oportunidade para reiterar-lhe a expressão de meus sentimentos de particular consideração e estima.
Confiado pois no espírito religioso de V. E. e de seu digno filho e nos sentimentos da amizade que nos tem mostrado, ouso esperar que mais uma vez tomarão em mão este piedoso empreendimento. Aproveito com prazer esta oportunidade para reiterar-lhe a expressão de meus sentimentos de particular consideração e estima.
Ass.
Gastão de Orleans. Bordo da Canhoneira "Parnaiba", Rio de Janeiro, 17
de novembro de 1889.
É de se
notar o afeto, a delicadeza e o sentimento da Redentora num momento crucial de
sua vida lembrando-se de Caxambu e de sua promessa. Dois dias depois a
Proclamação da República, a bordo da nave que a levaria ao exílio, o Conde d'Eu
escrevia a carta transcrita. Seus devotados amigos, tomaram a si o
empreendimento. O Cons. Mayrink, pôs toda sua dedicação à obra planejada e
levou avante a construção da igreja.
Fonte:
http://www.caxambu.mg.gov.br
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